sexta-feira, 26 de setembro de 2014
Saúde Mental na Educação Infantil
SAÚDE
MENTAL NO ENSINO FUNDAMENTAL
CONSTANCIO,
Uilza¹
SILVIA,
Danielle Ayres²
RESUMO
O
objetivo deste artigo consiste num esforço para chamar atenção de todos os
profissionais que tem a função de trabalhar com crianças no desenvolvimento de
suas habilidades intelectuais para fato de que o nível de conhecimento dos alunos
acontece de maneira individualizada, cada um ao seu tempo e uma parcela desses
alunos vão apresentar dificuldades de aprendizagem. Cabe ao educador entender
as causas que impedem uma criança de alcançar efetiva aprendizagem, buscando
informações em estudos contemporâneos que ressaltam a crescente preocupação com
os frequentes problemas que as escolas brasileiras vivenciam no cotidiano
escolar, em destaque a violência entre jovens e crianças, alunos apáticos,
discriminação, preconceito, transtornos de conduta e aprendizagem. Segundo
pesquisa Julie Dokrell (2000) em seu livro Crianças com Dificuldades de
Aprendizagem Uma Abordagem Cognitiva, (p.12) 16% das crianças com idades entre
9 e 11 anos apresentam algum tipo de dificuldade que interfere no sucesso da
aprendizagem. Saber que fatores interferem na mesma, sejam eles intelectual,
psicomotor, físico, social ou emocional constitui na busca constante de
informações que venham contribuir para ajudar os profissionais da educação a
fazerem a melhor intervenção possível para que o saber sistematizado seja
efetivo.
PALAVRAS CHAVE:
saúde, aprendizagem, dificuldades, conduta, aluno, família.
ABSTRACT
The purpose of this article is an effort to draw
attention of all professionals whose function is to work with children to
develop their intellectual skills to the fact that the level of knowledge of
students happens on an individual basis, each in his time and a portion of
these students will have difficulty learning. It is up to the educator to
understand the causes that prevent a child from achieving effective learning,
seeking information on contemporary studies that highlight the growing concern
about the frequent problems that Brazilian schools in the daily school experience,
highlighted in violence among children and youth, apathetic students,
discrimination, prejudice, behavioral disorders and learning. According to
research Dokrell Julie (2000) in his book Children with Learning Disabilities A
Cognitive Approach ( p.12) 16% of children aged 9 to 11 years have some kind of
difficulty that interferes with the learning success . Learn what factors
interfere in it, whether intellectual psychomotor, physical, social or
emotional is in constant search of information that will contribute to help
education professionals make the best possible intervention for the
systematized knowledge to be effective.
KEYWORDS: health, learning difficulties, conduct, student,
family.
1.0
INTRODUÇÃO
A abordagem do tema saúde mental na
escola ancora na necessidade de chamar atenção para relação intrínseca entre as
áreas da saúde e educação. A partir desta visão da ciência que esta temática
implica em um trabalho interdisciplinar e que diversos setores se relacionam
voltados para atender as necessidades de aprendizagem de um grupo muito
especial: o aluno. O diálogo entre família, escola, equipe multidisciplinar vão
concorrer para a abrangência do diferente e da diversidade. O papel da escola
vai além do saber sistematizado. A ela cabe também a formação da personalidade
dos alunos, segundo Ana Margareth Siqueira Bassols, (2003). Neste estudo apontamos
um profissional muito importante que permanece muito distante de espaço
escolar: o psicanalista. Sabemos que o ambiente escolar é firmado em diversos
níveis de relações: professores com alunos, professores com professores,
administração e hierarquia, família e escola, etc. As relações estabelecidas
vão além da objetividade, acontecem também de modo subjetivo e os aspectos
emocionais se estabelecem. “justamente por esta razão, é que a psicanálise pode
contribuir para uma melhor qualidade do processo de ensino-aprendizagem e,
indiretamente, na formação da personalidade do aluno.” (BASSOLS, 2003, p 9).
Lembramos-nos da inviabilidade do
psicanalista direto na escola para o tratamento psicanalítico, considerando a
crise da assistência à saúde no país, e infraestrutura inadequada nos
estabelecimentos de ensino. O que ressaltamos é o acesso aos conhecimentos da
psicanálise que servirão de subsídios para ajudar na compreensão de alguns
aspectos conscientes e inconscientes que levam ao sucesso ou ao insucesso escolar.
Rogério Wolf de Aguiar e Paulo Wanderlei Cristóvão relatam no Livro “Saúde
Mental na Escola”, (2003, p. 7) uma experiência muito positiva de Consultoria
escolar, onde ações como cursos, palestras, reuniões semanais ou quinzenais com
professores, coordenadores pedagógicos e supervisores pedagógicos debatem casos
de alunos. Todo trabalho se limitou em aspectos pedagógicos dando ao
professores condições de exercer a sua função com segurança e aptos a lidar com
as individualidades do educando e também saber identificar com antecedência
casos que necessitam de atendimento especializado.
Outra preocupação ao estudar a saúde
mental na escola é a necessidade de incutir nos professores a importância do
carinho e cuidadosa observação das crianças com problemas que sempre recebem
rótulos ou são marginalizados dentro da sala de aula. Lembrando que o atual
sistema de ensino foca os saberes em uma grade curricular e que prevê um
aproveitamento quantitativo no tempo de um ano para apropriação dos conteúdos e
avanço para o próximo nível. Nessa
abordagem, salientamos seres diferentes, mas munidos de habilidades que devem
ser estimuladas de madeiras específicas para atingir a aprendizagem. Howard
Gardner escreveu em “Estruturas da Mente”, (1994, p. 4) que apenas quando
reformulamos nossa concepção do que conta como intelecto humano, seremos
capazes de projetar meios mais adequados para avaliá-lo e meios eficazes para
educá-lo. Fica explícito que conhecer como se dá o processamento mental de
aluno é formidável para desenriçar as habilidades e capacidade do mesmo. Outra
ciência que será citada nesse estudo é a neuropsicologia por ser tratar de uma
área que estuda o papel dos sistemas cerebrais nas intricadas atividades
mentais.
Esperando que este artigo possa contribuir
para reflexão e mudança de postura, direcionada para um ensino de qualidade,
sobretudo nos aspectos relacionados com manejo de crianças com problemas,
justificamos a importância desse estudo.
2.0
PROCEDIMENTOS
METODOLÓGICOS
Este artigo se fundamenta em amplo
e sério estudo de pesquisa bibliográfica feita à literatura de estudiosos dos
problemas de aprendizagens, saúde mental do escolar e neuropsicologia. A obra “Crianças
com Dificuldades de Aprendizagem; uma abordagem cognitiva” de Julie Dockrell e
John Mc Shane, caracterizou se um apoio importante porque seus estudos tiveram
um enfoque baseado em experiência de uma equipe com crianças e profissionais
com crianças com desajustes com relação ao grupo “normal”. Howard Gardner, ao
defender a teoria das múltiplas inteligências, deixa claro que o ser humano não
pode ser o produto de um currículo predefinido e sim um sujeito imbuído de
capacidades e habilidades que precisam de estímulo e treino. “Neuropsicologia
Teoria e Prática”, de Daniel Fuentes, Leandro F. Pires Camargo, Ramon Moreira
Conenza, por apresentar a Neuropsicologia no contexto multidisciplinar da saúde
e da educação e aborda os temas relacionados aos problemas de aprendizagem
neurais sob o ponto de vista clínico. Com base no que Lakatos e Marconi (1987, p.
66), “a pesquisa bibliográfica trata-se do levantamento, seleção e documentação
de toda bibliografia já publicada sobre assunto que está sendo pesquisado,” a
pesquisa bibliográfica fornece elementos para que os argumentos deste artigo
sejam muito bem fundamentados, através de leituras de revistas, artigos e
monografias e livros constituirão instrumentos importantes para que haja
entendimento do tema saúde mental na escola.
3.0 DESENVOLVIMENTO
3.1 Desenvolvimento e Aprendizagem
Desenvolvimento é um dos princípios para que o saber sistematizado aconteça. A aprendizagem está diretamente ligada ao curso de desenvolvimento da criança. Mas, cada um delas apresenta curso próprio conforme descreve Vigostski, em 2010, na obra “A Formação Social da Mente” “embora o aprendizado esteja diretamente relacionado ao curso do desenvolvimento da criança, os dois nunca são realizados em igual medida ou em paralelo” (p. 104). Portanto, os níveis de aprendizagem dentro de uma sala de aula devem ser respeitados. Quando os limites de cada aluno é respeitado, todo o processo executado em sala de aula acontece de forma prazerosa e todos os indivíduos envolvidos, munem-se de autoconfiança e a aprendizagem acontece de fato. Ainda conforme este autor:
Cada
assunto estudado na escola tem sua própria relação específica com o curso de
desenvolvimento da criança, relação essa que varia à medida que uma criança vai
de um estágio ao outro. Isto nos leva diretamente a reexaminar o problema da
disciplina formal, isto é, a importância de cada assunto em particular do ponto
de vista do desenvolvimento mental global. Obviamente, o problema não pode ser
solucionado usando-se uma fórmula qualquer. (VIGOSTSKI, 2010, p.104.)
Este paradigma de Vigostski
constitui importante informação para entendermos a ligação da cognição e
desenvolvimento. Outro aspecto relevante para apropriação do conhecimento
sistematizado a ser considerado é a maturação do aluno, ou seja, o
desenvolvimento das estruturas corporais, neurológicas e orgânicas. Para que o
aluno aprenda, a maturidade do organismo se faz necessária. A ela submete-se
toda atividade humana, fase a fase. Por mais simples que um comportamento possa
ser, até as mais complexas atividades mentais, incluindo as abstrações do ser
humano. Ao resultado da estimulação do ambiente sobre o sujeito já maduro, que
resulta numa mudança de comportamento, chamamos de aprendizagem. Logo,
salientamos que aprender implica nas interações das estruturas mentais com o
lugar. Os órgãos dos sentidos são as janelas que captam todos os estímulos
externos e conduzem ao cérebro. Para que a aprendizagem cumpra seu papel na
mudança de comportamento, é requisito importante a relação do que se está
ensinando com a vida. Conforme Elizabete da Assunção José (2003, p. 1), “o
aluno deve ser capaz de reconhecer as situações em que aplicará o novo
conhecimento ou habilidade. Tanto quanto possível, aquilo que é aprendido
precisa ser significativo para ele.” Vários fatores interferem na aprendizagem:
social, físico, intelectual, psicomotor e emocional. Este último ganha um
grande destaque por que ele é relevante na educação infantil, pois estes
pequenos dependem de muitos cuidados e afetividade.
3.2 Relação da Família,
Escola e Aprendizagem
As primeiras experiências educativas
do aluno acontecem no âmbito familiar. Assim, a qualidade das relações
interpessoais será determinante no tipo de aluno que irá para a escola. Tudo
que aprenderam com os pais e familiares se manifestará no comportamento da
criança no espaço escolar. Na escola o professor não pode colocar à margem as
experiências que o aluno traz consigo. Uma relação respeitosa precisa ser
estabelecida para que haja garantia de verdadeiro crescimento sem dar lugar a
receios, críticas e omissões de opiniões relevantes para os alunos. Não é
exclusividade da escola a formação da personalidade da criança, a escola também
assume seu papel na “formação da personalidade dos alunos, dentre múltiplos
fatores que estão contidos nas diversas dimensões de inter-relacionamentos”
(BASSOLS, 2003, p. 9.) e destes preponderam os aspectos emocionais. Por esse
motivo o educador deve tratar o aluno como ele mesmo gostaria que fosse
tratado, ou fazendo pelo aluno que gostaria que fosse feito por um filho. No
espaço escolar o ato de ensinar deve acontecer com laços afetivos estreitos e
respeito mútuo. Por se tratar da formação de um cidadão para a vida,
obrigatoriamente deve ser também lugar onde se encontra com felicidade a
possibilidade de preparar para um futuro deslumbrante. Enxergar o aluno sob
este ponto de vista, é vê-lo como ser humano.
Quando
um educador respeita a dignidade do aluno e trata-o com compreensão e ajuda
constritiva, ele desenvolve na criança a capacidade de procurar dentro de si
mesma as respostas para os seus problemas, tornando-a responsável e
consequentemente, agente de seu próprio processo de aprendizagem. (ASSUNÇÃO,
2003. p. 13).
Nesta concepção
está claro que ter alunos motivados é muito importante para que a capacidade de
aprendizagem seja cada vez melhor. Exatamente a motivação levará o aluno, que
sempre busca ter atitudes que estejam adequadas ao grupo, entender que os
outros esperam de si o melhor e o desejo de ser realmente um destaque entre os
demais fundamentará a motivação para aprender.
3.3
Do Normal ao Patológico
Os conhecimentos da didática e
psicologia oferecem ao professor um suporte para que ele possa perceber em uma
criança o que é normal e o que pode ser um problema de aprendizagem. Porém, o
professor deve estar muito atento e atualizado para não incorrer no erro de
definição no que diz respeito aos aspectos observados em uma criança. As
habilidades e capacidades dos alunos devem ser analisadas levando em
consideração as fases de desenvolvimento próprias do ser humano. Por isso, o professor
deve estar amparado de informações a respeito das características próprias de
cada faixa etária de uma criança. Assunção aponta em seu livro “Problemas de Aprendizagem”
(2003, p. 20) os comportamentos normais de uma criança em cada fase:
egocentrismo, o mundo da criança concentra nela mesmo. Dura até os onze anos;
indiferenciação, consiste na ausência de percepção de si próprio, dos outros e
das coisas. Aos sete anos começa a superar o processo de indiferenciação;
animismo, dá vida e consciência a todas as coisas que a cercam. A partir dos sete
anos, conforme vai conhecendo o mundo real, supera esta fase; artificialismo, a
criança coloca um agente fabricador na origem das coisas. À medida que a
criança vai descobrindo a realidade do mundo em sua volta, aos sete anos começa
a superar esta fase; finalismo, a crianças tem um grande interesse em saberem
para que servem e como funcionam as coisas. Conforme vão entendo como as coisas
funcionam, elas começam aos sete anos, sair desta fase; imitação, a criança
imita tudo. Segundo Assunção (2003. p. 20), é um meio natural com que a criança
constrói seu pensamento e origina suas ações. A partir dos sete anos, o
pensamento da criança evolui e sua capacidade de imitação começa a se tornar
realidade; afetividade autocentrada, a criança é capaz de experimentar emoções
e sentimentos, centrada em si mesma. Aos sete anos a criança descobre
gradativamente o seu valor e o valor do outro, desse momento em diante a
afetividade torna-se menos egocêntrica. Ao constatar uma dificuldade de
aprendizagem é necessário que o professor dê conta desses conceitos para
apresentar com segurança argumentos que vão sustentar a necessidade de avaliação
de uma criança que esteja apresentando um quadro de problemas na aprendizagem. Avaliar
o aluno não é tarefa do professor, mas atribuição de profissionais devidamente
qualificados. Uma equipe multidisciplinar é que poderá dar com eficiência o
diagnóstico da criança, pois o problema poderá ser por diversos motivos, como por
exemplo, aspectos orgânicos, neurológicos, mentais, psicológicos agravados por
adversidades próprias do meio em que a criança vive.
3.4 A Psicanálise e a Escola
Vários inter-relacionamentos
caracterizam a dinâmica escolar, onde os aspectos emocionais serão eminentes e
frequentes. Por essa razão, Bassols, 2003, p. 9 diz que “a psicanálise pode
contribuir para uma melhor qualidade do processo de ensino-aprendizagem e,
indiretamente, na formação da personalidade de aluno”, pois trabalhar com a
formação do aluno implica também em ajudar na formação da personalidade do
mesmo. As instituições de ensino não têm, obviamente, estrutura para que os
psicanalistas possam atuar, tão pouco seria o espaço adequado. Por isso, não
estamos falando de tratamento psicanalítico. A referência é apenas no sentido de
fazer uma implicação indireta dos conhecimentos psicanalíticos para melhor
entender um aluno nos seus aspectos conscientes e principalmente os
inconscientes.
Os aspectos
inconscientes, tanto em nível individual, como no grupal, determinam a forma
como a conduta de cada um, e, conforme estiverem estruturadas no indivíduo,
influenciam decisivamente para o desabrochar – ou atrofiar – de potencialidades
e capacidades latentes que concorrem para o ensino-aprendizagem e para o
crescimento mental. (BASSOLS, 2003, p. 9..)
O inconsciente
humano é amplo e muito bem protegido, todavia, é decisivo na conduta e
personalidade das pessoas. Suas operações influenciam diretamente na nossa vida
consciente, por esse motivo Bassols justifica a necessidade dos profissionais
da educação se valerem dos conhecimentos da ciência psicanalítica para promover
uma educação de qualidade e inclusiva. Em seu livro “Saúde Mental na Escola”,
Bassols enumera onze itens que servem de apoio para justificar a sua defesa. O
seu ponto de partida é o fato da escola ser um grupo, constituído de subgrupos,
onde os planos do consciente e inconsciente operam constantemente e o segundo
diz respeito a gama de sentimentos humanos. Só para exemplificar, vale citar
dois extremos que podem ocorrer no grupo de trabalho: o amor e o ódio. A
princípio este grupo esta voltado para conteúdos comuns que são o estudo, a
convivência e a aprendizagem. Entretanto, a qualquer momento uma situação
inesperada pode fazer com que qualquer um dos envolvidos no trabalho, deixe as
manifestações do inconsciente se sobressaírem às do consciente. Durante um
evento destes pode-se presenciar sentimentos reprimidos como ciúme, erotismo,
inveja, ira, angústia, etc. Alguns indícios devem ser levados em consideração pelo
professor para que ele possa identificar que esteja acontecendo alguma desordem
na qualidade de ensino-aprendizagem. a autora chama atenção para os seguintes
sinais: falta de empenho nos estudos, fofocas nos corredores, atrasos, muita
conversa paralela. Ela afirma que quando
esses sinais ficam generalizados, podem estar significando um indício de que
esteja havendo algum tipo de falha do professor. Por isso, esses sinais tão
simples e aparentemente normais não podem ser vistos como normais ou
momentâneos. Não raro, alunos com bom ou ótimo aproveitamento escolar,
apresentam atitudes infratoras, o que na verdade expressa apenas um distúrbio
emocional pessoal que tanto pode merecer cuidados psicológicos, quanto a
vontade pura de indispor por alguma razão com pais e professores. Quanto saber
usufruir da liberdade regida, só é possível quando o aluno apresentar-se livre
de tudo que o aprisiona no seu interior. No convívio escolar os problemas estão
presentes e se manifestam das mais variadas formas, eliminá-los na sua
totalidade é utópico, por isso é imprescindível a destinação de espaços na
escola, onde professores, diretores, orientadores e psicólogos possam debater e
analisar os problemas e juntos
encontrarem a melhor forma de solucioná-los ou lhe dar com as dificuldades. Bassols,
(2003, p. 17) apropriou-se do termo “operativo” para classificar o grupo de
reflexão que, de preferência, seja coordenado por pessoas habilitadas como
psicólogo, psicanalista, psiquiatra, assistente social, neuropsicólogos, dentre
outros, onde a participação em grupos de reflexão os capacitaria para coordenar
outros grupos dentro da escola, e, acima de tudo, estar preparados para identificar
o que é normal e o que é patológico dentro do processo de aquisição de
conhecimento e interações globais do estabelecimento de ensino. Então, o foco de um grupo de reflexão é fazer
as pessoas serem melhor, verdadeiras, descobrirem-se como seres de amor,
capazes de superar as adversidades e entender que a aprendizagem acontece todos
os dias.
3.5 A Educação e a
Neuropsicologia
Essa nova e pouco falada especialidade
agrupa a neurologia e a psicologia. A Neuropsicologia possui uma gama de
aplicações na atualidade e, segundo Fuentes
(2008, p 15), nada mais é que uma ciência interessada em situar “as relações existentes
entre o funcionamento do sistema nervoso central (SNC), por um lado, e as
funções cognitivas e o comportamento, por outro, tanto nas condições normais
quanto nas patológicas” e pessoas que apresentem alguma afecção do sistema
nervoso. Ainda segundo Fuentes, esse profissional deve ter conhecimento de
diversas áreas. O neuropsicólogo age, principalmente, na avaliação e tratamento
das consequências das disfunções do sistema nervoso. Ela tem caráter
multiprofissional, pois o neuropsicólogo precisa deter também conhecimentos de
ciências como a pediatria, neurologia, psicologia para atuar com eficiência.
Fuentes, ( 2008, p. 418) afirma que o desenvolvimento de uma criança e seu
desempenho escolar não pode ficar fora dos conhecimentos e atuação da
Neuropsicologia. A educação envolve processos neurais,
À medida que
ocorre a maturação e a especialização das redes neurais ao longo do
desenvolvimento infantil e a participação das diferentes áreas cerebrais na
aprendizagem, o material aprendido (por exemplo, a alfabetização) influencia a
organização funcional cerebral. O professor não pode ficar à margem desse
momento particular, pois ele é o elemento mais capaz de transferir informações
científicas para a aplicabilidade pedagógica. (FUENTES, 2008, P. 418)
Essa ciência está tanto para crianças
normais quanto crianças que apresentam problemas de aprendizagem, o justifica
ainda mais a necessidade do professor fazer parte de uma equipe
multidisciplinar de atendimento, tendo assessoria, cursos de formação
continuada ou especializações que levem adquirir o conhecimento dos mecanismos
cerebrais envolvidos na aprendizagem. Também conforme Fuentes (2008, p. 418), novas
maneiras de ensinar, considerando “as características próprias de cada aluno e
que promovam a interligação entre as diferentes disciplinas, incentivam a
criatividade e fornecem à criança a noção de um ser social”.
3.6 Transtornos de Ajustamento
Os transtornos de ajustamento
apreende muito a atenção dos professores, pois eles estão cada vez mais
frequentes em sala de aula. Segundo ASSUNÇÃO (2003, p. 168), o que torna
difícil entender os transtornos de comportamento é fato deles se manifestarem
servindo de camuflagem para uma ansiedade ou tensão. Segundo esta autora, os
transtornos de ajustamento, são manobras para lhe dar com estressores e “são chamados
de mecanismo de defesa”, os alunos se valem deles para se refugiar da
ansiedade. Já BASSOLS (2003, p. 19) aponta a definição do Manual Diagnóstico e
Estatístico de transtornos Mentais (DSM-IV) “como sintomas emocionais ou comportamentos
em resposta a estressor (es), ocorrendo após três meses após o início
desses(s).” Indícios de sofrimento se revelam no convívio social e acadêmico
dos alunos. Sendo eles ainda vulneráveis, e cada um com suas particularidades,
o estudo de cada caso merece atenção diferenciada e entendimento dos fatores
intrínsecos e extrínsecos que contribuem para a criança ter transtorno de
ajustamento. Assunção (2003, p. 168), ressalta que atitudes de alguns
professores para lidar com alunos com transtornos podem ajudar a criança
refletir e melhorar ou agravar o problema, sendo a única solução um tratamento
direto. A maneira com o aluno se percebe e como se situa dentro do grupo são
fortes concorrentes para a criança apresentar transtornos de ajustamento. Então
a informação é o aliado eficaz do professor.
3.7 Transtornos de Ansiedade
Este transtorno é normal a todos os
indivíduos, conforme a situação vai fazer com ele sinta medo ou expectativa. A
ansiedade faz parte da vida de todos e os prepara para enfrentar desafios.
Quando exagerada pode ser patológica, se for de longa duração, é fora do
normal. Identificar as possíveis causas que desencadeia esses quadros é de suma
importância, pois a criança pode apresentar quadros de reações psicossomáticas
como: dores de cabeça, vômitos, dores abdominais. Bassols, (2003, p. 20),
afirma que meninas estão mais susceptíveis em meninas do que em meninos com
idade média de 7,5 anos. Segundo ela alguns transtornos de ansiedade de
infância podem permanecer na vida adulta e também podem ocorrer as comorbidades
que consistem na existência de mais de um transtorno em uma única criança.
Sendo o professor o agente que vai promover além da aprendizagem,
características morais, sociais e emocionais do aluno, é exatamente ele que tem
um convívio diário com o estudante em virtude de isso detectar problemas
emocionais em uma criança e tomar as providencias apropriadas para ajudá-lo.
3.8 Transtorno de Déficit de Atenção e
Hiperatividade
O Transtorno de Déficit de
Atenção/Hiperatividade (TDAH) é um dos mais frequentes transtornos neuropsiquiátricos
muito comuns na infância conforme relata FUENTES, (2008, p. 240), no livro “Neuropsicologia
Teoria e Prática”. Ainda segundo Fuentes, pessoas com TDAH apresentam um
prejuízo sutil, diário e persistente, com grande impacto na qualidade de vida
da própria pessoa e de toda sua família. Os sintomas mais evidentes do TDAH são
desatenção, hiperatividade crônica, atividade motora excessiva e impulsividade.
Este transtorno é prevalecente nos meninos, mais que nas meninas, persiste após
a adolescência em até 70% dos casos e de 2,9 a 4,4% em adultos sem distinção de
gênero. “Casos de comorbidades são frequentes em TDAH. Tiques, distúrbios de
fala, atraso na aquisição da linguagem, transtorno de leitura e/ou escrita e distúrbios
de competência cognitiva podem ocorrer como relata Fuentes” (2008, p. 242). O
diagnóstico desse transtorno neuropsiquiátrico, é essencialmente clínico e com
maior número de informações possíveis dos pais e professores. Este último por estarem
mais atentos aos sintomas das crianças que os pais, podem fornecer dados mais
substanciais para o neurologista ou o psiquiatra. Por isso, segundo afirma
Fuentes (2008, p. 245), “o uso de questionários para obtenção de informações na
escola deverem ser incentivado não só no momento do diagnóstico, mas também
durante o acompanhamento da criança”. Bassols (2003, p. 25) recomenda aos
profissionais envolvidos com a aprendizagem que atrás de certas dificuldades
acadêmicas e problemas de comportamento em sala de aula ou recreio, pode
existir um transtorno como TDAH e uma avaliação deve ser feita assim que
percebe tais manifestações para que o tratamento seja iniciado o quanto antes.
Ela sugere que o aluno fique longe de locais onde a desatenção seja estimulada,
ficar mais próximo da professora e distante de colegas agitados, sempre
dirigir-se ao aluno, primar por tarefas que prendam a sua atenção e de
preferência de curta duração. Os limites devem ser garantidos. Muito importante
para se obter bons resultados é manter uma parceria sólida entre a escola,
pais, aluno e médico. Pais e professores em momento algum devem jogar a culpa
do fracasso escolar um no outro, tão pouco reforçar os insucessos do aluno,
tendo o cuidado de discuti-los sem a presença da criança que já sofre por ouvir
reclamações constantes ou ver os elogios tecidos aos colegas e a ele não.
Bassols chama a atenção para a importância do reforço positivo, através de
elogios e gratificações pelas melhoras apresentadas.
3.9 Doenças Crônicas, Psiquê e Mente
Corpo e mente forma o indivíduo. No
nosso caso o aluno. Assim sendo, fatores
psicológicos podem interferir na saúde da criança, afetando tanto sua vida
social quanto sua vida escolar. As enfermidades crônicas são consideradas as
mais vexantes por deixar marcas tanto emocionais quanto orgânicas. Estas, por
exigir que as interações do aluno afetado sejam diferentes dos demais,
representam um prejuízo a nível social e cognitivo. Para Bassols (2003, p. 39),
é fundamental que os professores reconheçam a unidade do corpo e da mente, para
trabalharem em favor da melhora ou cura do aluno através da transformação do
ambiente e gerar equilíbrio emocional à criança.
3.10 Depressão
A depressão é uma doença afetiva que
pode se manifestar de diferentes maneiras, dependendo de vários fatores, como
idade, personalidade, ambiente, interações sociais e culturais, dentre outros.
Reconhecer se aluno está com problemas afetivos, segundo Bassols, p. 41, requer
do professor conhecimento dos sintomas que podem ser indicativos de uma doença
afetiva. A autora relaciona piora no rendimento escolar, humor deprimido,
diminuição da capacidade de atenção e fadiga, alterações do sono e apetite,
baixa-estima e culpa, queixas somáticas. Estas e outras manifestações como
distúrbio de comportamento, inapetência, autodestrutividade não devem passar
despercebidos em sala de aula e extraclasse. O atendimento célere desses alunos
é importante, pois muitas vezes o tratamento é prolongado. Segundo Bassols (2003,
p. 44), o aluno depressivo, ás vezes não apresenta comportamento desordeiro,
por esse motivo, não chama atenção do professor, embora suas médias sejam
baixas. Ela afirma que a identificação precoce possa resultar numa melhora
prognóstica e quando houver suspeita de problemas afetivos, uma avaliação
psiquiátrica ou psicológica deve ser feita o quanto antes. A escola é uma
extensão social da vida do aluno, assim, para que haja um desenvolvimento
profícuo esse ambiente deve ser acolhedor, fazendo o aluno se sentir seguro
para a melhora do aluno ser concretizada.
3.11 Transtornos de Conduta
O transtorno de conduta, segundo
Bassols ( 2003, p. 55), “é um dos quadros que mais exigem das escolas e dos
familiares, dentro da saúde mental”, porque aluno com esse transtorno apresenta
comportamento que exige dos envolvidos com sua formação muita atenção, porque
suas atitudes agressivas, necessidade de ser o foco das atenções, falta de
limites, dificuldade de aceitar autoridade, violação do direito alheio e regras
exigem estágio de vigilância sobre ele. Um encaminhamento urgente para o
especialista é muito importante para intervenções terapêuticas. A troca entre
os profissionais envolvidos, família e escola, para evitar atuações que
reforcem a própria patologia, favorece o êxito das intervenções, reforça a
autora.
3.12 Sexualidade
A criança é curiosa por
naturalidade, quer saber a respeito de tudo em sua volta e de si mesma.
Aprender sua sexualidade é apenas mais uma de suas necessidades. Nem todos os
adultos estão preparados para abordagem desse assunto e preferem protelar explicações
a sanar uma dúvida da criança que contribuiria para composição da estrutura da
personalidade na infância. Segundo ASSUNÇÃO (2003, p.185), “quando na idade
escolar (7 anos 8), a criança já deverá ter encontrado respostas adequadas e
temporárias a respeito de seu corpo e da origem dos bebês; ou então sua
curiosidade foi recalcada” do contrário, a criança vê o que é relacionado à
sexualidade como proibido. Se a educação sexual não acontecer devidamente, o
equilíbrio emocional fica comprometido, além de fazer com que a criança insista
no assunto levando-a a problemas no futuro, poderão chegar a se tornar uma
patologia, segundo ASSUNÇÃO ( 2003, p. 185). Ela propõe uma transversalidade do
tema nas demais áreas do conhecimento para proporcionar ao aluno uma
interpretação geral do sentido do sexo na sua vida. Conforme Assunção (2003, p. 186), a masturbação
em crianças de até 4 ou 5 anos é normal, mas algumas medidas devem ser tomadas para evitar a frequência do ato: atividades
manuais mais, evitar isolamento, não forçar a criança ir para cama sem que ela
queira, evitar companhia de crianças mais velhas, são procedimentos simples mas
que ajudam a criança desviar o foco. Assunção (2003, p. 187), alerta o
professor a observar “se há diferença em termos de aprendizagem e comportamento
em relação aos outros alunos e mediante constatação da diferença, comunicação e
esclarecimento imediatos devem ser dados aos pais, bem como orientação para
procurarem um médico ou um psicólogo.”
4.0 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Saúde mental na educação infantil é um tema que demanda muito espaço para
tratar de um assunto que está diretamente ligado à cognição, processos mentais
relacionados a: conhecimento, aprendizado, percepção, juízo, lembrança e
pensamento. No entanto, explicitamos
alguns casos para ajudar compreender a
necessidade da escola ser uma entidade articulada com outros grupos cujos
conhecimentos se atualizam numa dinâmica
incrível, constituindo-se importantes fontes de informações para todos que
trabalham com a formação da criança. Os paradigmas das ciências modernas e os
recursos estão postos para uma sociedade que está aberta a utilizá-los,
possibilitando a todos uma inclusão verdadeira. Quando a escola extrapola sua
visão de educação além dos seus muros e incorpora no seu grupo a consciência
que conhecimentos como psiquiatria, neuropsicologia, psicologia e ouros estão
para efetivar um processo formativo do ser humano, auxiliando-o a
desenvolver com compreensão do mundo e coordenar suas ações neste, ela verdadeiramente
zela pela qualidade da educação. Quanto as dificuldades de aprendizagens, todos
de alguma forma vão enfrentar algum dia em sala de aula. A questão é como fazer
a diferença. No ensino fundamental, um grupo basicamente formado de crianças de
5 a 10 anos, qualquer alteração deve ser considerada para que haja eficiência
nas intervenções aplicadas ao aluno e evitar danos a suas potencialidades e
necessidades.
BIBLIOGRAFIA
BASSOLS, A. M; CRISTÓVÃO, P.W; SANTIS,
M; FORTES, S; SUKIENNIK, P.B. Saúde Mental na Escola; uma abordagem
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Artmed, 2008.
ASSUNÇÃO, da Elizabete José. Problemas de aprendizagem. 12ª Ed. São
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DOCKRELL, Julie. Crianças com dificuldades de Aprendizagem;
uma abordagem cognitiva. 1ª Ed. Porto Alegre: Editora Artimed, 2000.
GARDNER, Howard. Estruturas da Mente; a teoria das Inteligências Múltiplas. 1ª Ed.
Porto Alegre: Editora Artimed, 1994.
LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Metodologia do trabalho científico;
procedimentos básicos, pesquisa bibliográfica, projeto e relatório, publicações
e trabalhos científicos. 2ª Ed. São Paulo: atlas, 1987.
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