sexta-feira, 26 de setembro de 2014
Saúde Mental na Educação Infantil
SAÚDE
MENTAL NO ENSINO FUNDAMENTAL
CONSTANCIO,
Uilza¹
SILVIA,
Danielle Ayres²
RESUMO
O
objetivo deste artigo consiste num esforço para chamar atenção de todos os
profissionais que tem a função de trabalhar com crianças no desenvolvimento de
suas habilidades intelectuais para fato de que o nível de conhecimento dos alunos
acontece de maneira individualizada, cada um ao seu tempo e uma parcela desses
alunos vão apresentar dificuldades de aprendizagem. Cabe ao educador entender
as causas que impedem uma criança de alcançar efetiva aprendizagem, buscando
informações em estudos contemporâneos que ressaltam a crescente preocupação com
os frequentes problemas que as escolas brasileiras vivenciam no cotidiano
escolar, em destaque a violência entre jovens e crianças, alunos apáticos,
discriminação, preconceito, transtornos de conduta e aprendizagem. Segundo
pesquisa Julie Dokrell (2000) em seu livro Crianças com Dificuldades de
Aprendizagem Uma Abordagem Cognitiva, (p.12) 16% das crianças com idades entre
9 e 11 anos apresentam algum tipo de dificuldade que interfere no sucesso da
aprendizagem. Saber que fatores interferem na mesma, sejam eles intelectual,
psicomotor, físico, social ou emocional constitui na busca constante de
informações que venham contribuir para ajudar os profissionais da educação a
fazerem a melhor intervenção possível para que o saber sistematizado seja
efetivo.
PALAVRAS CHAVE:
saúde, aprendizagem, dificuldades, conduta, aluno, família.
ABSTRACT
The purpose of this article is an effort to draw
attention of all professionals whose function is to work with children to
develop their intellectual skills to the fact that the level of knowledge of
students happens on an individual basis, each in his time and a portion of
these students will have difficulty learning. It is up to the educator to
understand the causes that prevent a child from achieving effective learning,
seeking information on contemporary studies that highlight the growing concern
about the frequent problems that Brazilian schools in the daily school experience,
highlighted in violence among children and youth, apathetic students,
discrimination, prejudice, behavioral disorders and learning. According to
research Dokrell Julie (2000) in his book Children with Learning Disabilities A
Cognitive Approach ( p.12) 16% of children aged 9 to 11 years have some kind of
difficulty that interferes with the learning success . Learn what factors
interfere in it, whether intellectual psychomotor, physical, social or
emotional is in constant search of information that will contribute to help
education professionals make the best possible intervention for the
systematized knowledge to be effective.
KEYWORDS: health, learning difficulties, conduct, student,
family.
1.0
INTRODUÇÃO
A abordagem do tema saúde mental na
escola ancora na necessidade de chamar atenção para relação intrínseca entre as
áreas da saúde e educação. A partir desta visão da ciência que esta temática
implica em um trabalho interdisciplinar e que diversos setores se relacionam
voltados para atender as necessidades de aprendizagem de um grupo muito
especial: o aluno. O diálogo entre família, escola, equipe multidisciplinar vão
concorrer para a abrangência do diferente e da diversidade. O papel da escola
vai além do saber sistematizado. A ela cabe também a formação da personalidade
dos alunos, segundo Ana Margareth Siqueira Bassols, (2003). Neste estudo apontamos
um profissional muito importante que permanece muito distante de espaço
escolar: o psicanalista. Sabemos que o ambiente escolar é firmado em diversos
níveis de relações: professores com alunos, professores com professores,
administração e hierarquia, família e escola, etc. As relações estabelecidas
vão além da objetividade, acontecem também de modo subjetivo e os aspectos
emocionais se estabelecem. “justamente por esta razão, é que a psicanálise pode
contribuir para uma melhor qualidade do processo de ensino-aprendizagem e,
indiretamente, na formação da personalidade do aluno.” (BASSOLS, 2003, p 9).
Lembramos-nos da inviabilidade do
psicanalista direto na escola para o tratamento psicanalítico, considerando a
crise da assistência à saúde no país, e infraestrutura inadequada nos
estabelecimentos de ensino. O que ressaltamos é o acesso aos conhecimentos da
psicanálise que servirão de subsídios para ajudar na compreensão de alguns
aspectos conscientes e inconscientes que levam ao sucesso ou ao insucesso escolar.
Rogério Wolf de Aguiar e Paulo Wanderlei Cristóvão relatam no Livro “Saúde
Mental na Escola”, (2003, p. 7) uma experiência muito positiva de Consultoria
escolar, onde ações como cursos, palestras, reuniões semanais ou quinzenais com
professores, coordenadores pedagógicos e supervisores pedagógicos debatem casos
de alunos. Todo trabalho se limitou em aspectos pedagógicos dando ao
professores condições de exercer a sua função com segurança e aptos a lidar com
as individualidades do educando e também saber identificar com antecedência
casos que necessitam de atendimento especializado.
Outra preocupação ao estudar a saúde
mental na escola é a necessidade de incutir nos professores a importância do
carinho e cuidadosa observação das crianças com problemas que sempre recebem
rótulos ou são marginalizados dentro da sala de aula. Lembrando que o atual
sistema de ensino foca os saberes em uma grade curricular e que prevê um
aproveitamento quantitativo no tempo de um ano para apropriação dos conteúdos e
avanço para o próximo nível. Nessa
abordagem, salientamos seres diferentes, mas munidos de habilidades que devem
ser estimuladas de madeiras específicas para atingir a aprendizagem. Howard
Gardner escreveu em “Estruturas da Mente”, (1994, p. 4) que apenas quando
reformulamos nossa concepção do que conta como intelecto humano, seremos
capazes de projetar meios mais adequados para avaliá-lo e meios eficazes para
educá-lo. Fica explícito que conhecer como se dá o processamento mental de
aluno é formidável para desenriçar as habilidades e capacidade do mesmo. Outra
ciência que será citada nesse estudo é a neuropsicologia por ser tratar de uma
área que estuda o papel dos sistemas cerebrais nas intricadas atividades
mentais.
Esperando que este artigo possa contribuir
para reflexão e mudança de postura, direcionada para um ensino de qualidade,
sobretudo nos aspectos relacionados com manejo de crianças com problemas,
justificamos a importância desse estudo.
2.0
PROCEDIMENTOS
METODOLÓGICOS
Este artigo se fundamenta em amplo
e sério estudo de pesquisa bibliográfica feita à literatura de estudiosos dos
problemas de aprendizagens, saúde mental do escolar e neuropsicologia. A obra “Crianças
com Dificuldades de Aprendizagem; uma abordagem cognitiva” de Julie Dockrell e
John Mc Shane, caracterizou se um apoio importante porque seus estudos tiveram
um enfoque baseado em experiência de uma equipe com crianças e profissionais
com crianças com desajustes com relação ao grupo “normal”. Howard Gardner, ao
defender a teoria das múltiplas inteligências, deixa claro que o ser humano não
pode ser o produto de um currículo predefinido e sim um sujeito imbuído de
capacidades e habilidades que precisam de estímulo e treino. “Neuropsicologia
Teoria e Prática”, de Daniel Fuentes, Leandro F. Pires Camargo, Ramon Moreira
Conenza, por apresentar a Neuropsicologia no contexto multidisciplinar da saúde
e da educação e aborda os temas relacionados aos problemas de aprendizagem
neurais sob o ponto de vista clínico. Com base no que Lakatos e Marconi (1987, p.
66), “a pesquisa bibliográfica trata-se do levantamento, seleção e documentação
de toda bibliografia já publicada sobre assunto que está sendo pesquisado,” a
pesquisa bibliográfica fornece elementos para que os argumentos deste artigo
sejam muito bem fundamentados, através de leituras de revistas, artigos e
monografias e livros constituirão instrumentos importantes para que haja
entendimento do tema saúde mental na escola.
3.0 DESENVOLVIMENTO
3.1 Desenvolvimento e Aprendizagem
Desenvolvimento é um dos princípios para que o saber sistematizado aconteça. A aprendizagem está diretamente ligada ao curso de desenvolvimento da criança. Mas, cada um delas apresenta curso próprio conforme descreve Vigostski, em 2010, na obra “A Formação Social da Mente” “embora o aprendizado esteja diretamente relacionado ao curso do desenvolvimento da criança, os dois nunca são realizados em igual medida ou em paralelo” (p. 104). Portanto, os níveis de aprendizagem dentro de uma sala de aula devem ser respeitados. Quando os limites de cada aluno é respeitado, todo o processo executado em sala de aula acontece de forma prazerosa e todos os indivíduos envolvidos, munem-se de autoconfiança e a aprendizagem acontece de fato. Ainda conforme este autor:
Cada
assunto estudado na escola tem sua própria relação específica com o curso de
desenvolvimento da criança, relação essa que varia à medida que uma criança vai
de um estágio ao outro. Isto nos leva diretamente a reexaminar o problema da
disciplina formal, isto é, a importância de cada assunto em particular do ponto
de vista do desenvolvimento mental global. Obviamente, o problema não pode ser
solucionado usando-se uma fórmula qualquer. (VIGOSTSKI, 2010, p.104.)
Este paradigma de Vigostski
constitui importante informação para entendermos a ligação da cognição e
desenvolvimento. Outro aspecto relevante para apropriação do conhecimento
sistematizado a ser considerado é a maturação do aluno, ou seja, o
desenvolvimento das estruturas corporais, neurológicas e orgânicas. Para que o
aluno aprenda, a maturidade do organismo se faz necessária. A ela submete-se
toda atividade humana, fase a fase. Por mais simples que um comportamento possa
ser, até as mais complexas atividades mentais, incluindo as abstrações do ser
humano. Ao resultado da estimulação do ambiente sobre o sujeito já maduro, que
resulta numa mudança de comportamento, chamamos de aprendizagem. Logo,
salientamos que aprender implica nas interações das estruturas mentais com o
lugar. Os órgãos dos sentidos são as janelas que captam todos os estímulos
externos e conduzem ao cérebro. Para que a aprendizagem cumpra seu papel na
mudança de comportamento, é requisito importante a relação do que se está
ensinando com a vida. Conforme Elizabete da Assunção José (2003, p. 1), “o
aluno deve ser capaz de reconhecer as situações em que aplicará o novo
conhecimento ou habilidade. Tanto quanto possível, aquilo que é aprendido
precisa ser significativo para ele.” Vários fatores interferem na aprendizagem:
social, físico, intelectual, psicomotor e emocional. Este último ganha um
grande destaque por que ele é relevante na educação infantil, pois estes
pequenos dependem de muitos cuidados e afetividade.
3.2 Relação da Família,
Escola e Aprendizagem
As primeiras experiências educativas
do aluno acontecem no âmbito familiar. Assim, a qualidade das relações
interpessoais será determinante no tipo de aluno que irá para a escola. Tudo
que aprenderam com os pais e familiares se manifestará no comportamento da
criança no espaço escolar. Na escola o professor não pode colocar à margem as
experiências que o aluno traz consigo. Uma relação respeitosa precisa ser
estabelecida para que haja garantia de verdadeiro crescimento sem dar lugar a
receios, críticas e omissões de opiniões relevantes para os alunos. Não é
exclusividade da escola a formação da personalidade da criança, a escola também
assume seu papel na “formação da personalidade dos alunos, dentre múltiplos
fatores que estão contidos nas diversas dimensões de inter-relacionamentos”
(BASSOLS, 2003, p. 9.) e destes preponderam os aspectos emocionais. Por esse
motivo o educador deve tratar o aluno como ele mesmo gostaria que fosse
tratado, ou fazendo pelo aluno que gostaria que fosse feito por um filho. No
espaço escolar o ato de ensinar deve acontecer com laços afetivos estreitos e
respeito mútuo. Por se tratar da formação de um cidadão para a vida,
obrigatoriamente deve ser também lugar onde se encontra com felicidade a
possibilidade de preparar para um futuro deslumbrante. Enxergar o aluno sob
este ponto de vista, é vê-lo como ser humano.
Quando
um educador respeita a dignidade do aluno e trata-o com compreensão e ajuda
constritiva, ele desenvolve na criança a capacidade de procurar dentro de si
mesma as respostas para os seus problemas, tornando-a responsável e
consequentemente, agente de seu próprio processo de aprendizagem. (ASSUNÇÃO,
2003. p. 13).
Nesta concepção
está claro que ter alunos motivados é muito importante para que a capacidade de
aprendizagem seja cada vez melhor. Exatamente a motivação levará o aluno, que
sempre busca ter atitudes que estejam adequadas ao grupo, entender que os
outros esperam de si o melhor e o desejo de ser realmente um destaque entre os
demais fundamentará a motivação para aprender.
3.3
Do Normal ao Patológico
Os conhecimentos da didática e
psicologia oferecem ao professor um suporte para que ele possa perceber em uma
criança o que é normal e o que pode ser um problema de aprendizagem. Porém, o
professor deve estar muito atento e atualizado para não incorrer no erro de
definição no que diz respeito aos aspectos observados em uma criança. As
habilidades e capacidades dos alunos devem ser analisadas levando em
consideração as fases de desenvolvimento próprias do ser humano. Por isso, o professor
deve estar amparado de informações a respeito das características próprias de
cada faixa etária de uma criança. Assunção aponta em seu livro “Problemas de Aprendizagem”
(2003, p. 20) os comportamentos normais de uma criança em cada fase:
egocentrismo, o mundo da criança concentra nela mesmo. Dura até os onze anos;
indiferenciação, consiste na ausência de percepção de si próprio, dos outros e
das coisas. Aos sete anos começa a superar o processo de indiferenciação;
animismo, dá vida e consciência a todas as coisas que a cercam. A partir dos sete
anos, conforme vai conhecendo o mundo real, supera esta fase; artificialismo, a
criança coloca um agente fabricador na origem das coisas. À medida que a
criança vai descobrindo a realidade do mundo em sua volta, aos sete anos começa
a superar esta fase; finalismo, a crianças tem um grande interesse em saberem
para que servem e como funcionam as coisas. Conforme vão entendo como as coisas
funcionam, elas começam aos sete anos, sair desta fase; imitação, a criança
imita tudo. Segundo Assunção (2003. p. 20), é um meio natural com que a criança
constrói seu pensamento e origina suas ações. A partir dos sete anos, o
pensamento da criança evolui e sua capacidade de imitação começa a se tornar
realidade; afetividade autocentrada, a criança é capaz de experimentar emoções
e sentimentos, centrada em si mesma. Aos sete anos a criança descobre
gradativamente o seu valor e o valor do outro, desse momento em diante a
afetividade torna-se menos egocêntrica. Ao constatar uma dificuldade de
aprendizagem é necessário que o professor dê conta desses conceitos para
apresentar com segurança argumentos que vão sustentar a necessidade de avaliação
de uma criança que esteja apresentando um quadro de problemas na aprendizagem. Avaliar
o aluno não é tarefa do professor, mas atribuição de profissionais devidamente
qualificados. Uma equipe multidisciplinar é que poderá dar com eficiência o
diagnóstico da criança, pois o problema poderá ser por diversos motivos, como por
exemplo, aspectos orgânicos, neurológicos, mentais, psicológicos agravados por
adversidades próprias do meio em que a criança vive.
3.4 A Psicanálise e a Escola
Vários inter-relacionamentos
caracterizam a dinâmica escolar, onde os aspectos emocionais serão eminentes e
frequentes. Por essa razão, Bassols, 2003, p. 9 diz que “a psicanálise pode
contribuir para uma melhor qualidade do processo de ensino-aprendizagem e,
indiretamente, na formação da personalidade de aluno”, pois trabalhar com a
formação do aluno implica também em ajudar na formação da personalidade do
mesmo. As instituições de ensino não têm, obviamente, estrutura para que os
psicanalistas possam atuar, tão pouco seria o espaço adequado. Por isso, não
estamos falando de tratamento psicanalítico. A referência é apenas no sentido de
fazer uma implicação indireta dos conhecimentos psicanalíticos para melhor
entender um aluno nos seus aspectos conscientes e principalmente os
inconscientes.
Os aspectos
inconscientes, tanto em nível individual, como no grupal, determinam a forma
como a conduta de cada um, e, conforme estiverem estruturadas no indivíduo,
influenciam decisivamente para o desabrochar – ou atrofiar – de potencialidades
e capacidades latentes que concorrem para o ensino-aprendizagem e para o
crescimento mental. (BASSOLS, 2003, p. 9..)
O inconsciente
humano é amplo e muito bem protegido, todavia, é decisivo na conduta e
personalidade das pessoas. Suas operações influenciam diretamente na nossa vida
consciente, por esse motivo Bassols justifica a necessidade dos profissionais
da educação se valerem dos conhecimentos da ciência psicanalítica para promover
uma educação de qualidade e inclusiva. Em seu livro “Saúde Mental na Escola”,
Bassols enumera onze itens que servem de apoio para justificar a sua defesa. O
seu ponto de partida é o fato da escola ser um grupo, constituído de subgrupos,
onde os planos do consciente e inconsciente operam constantemente e o segundo
diz respeito a gama de sentimentos humanos. Só para exemplificar, vale citar
dois extremos que podem ocorrer no grupo de trabalho: o amor e o ódio. A
princípio este grupo esta voltado para conteúdos comuns que são o estudo, a
convivência e a aprendizagem. Entretanto, a qualquer momento uma situação
inesperada pode fazer com que qualquer um dos envolvidos no trabalho, deixe as
manifestações do inconsciente se sobressaírem às do consciente. Durante um
evento destes pode-se presenciar sentimentos reprimidos como ciúme, erotismo,
inveja, ira, angústia, etc. Alguns indícios devem ser levados em consideração pelo
professor para que ele possa identificar que esteja acontecendo alguma desordem
na qualidade de ensino-aprendizagem. a autora chama atenção para os seguintes
sinais: falta de empenho nos estudos, fofocas nos corredores, atrasos, muita
conversa paralela. Ela afirma que quando
esses sinais ficam generalizados, podem estar significando um indício de que
esteja havendo algum tipo de falha do professor. Por isso, esses sinais tão
simples e aparentemente normais não podem ser vistos como normais ou
momentâneos. Não raro, alunos com bom ou ótimo aproveitamento escolar,
apresentam atitudes infratoras, o que na verdade expressa apenas um distúrbio
emocional pessoal que tanto pode merecer cuidados psicológicos, quanto a
vontade pura de indispor por alguma razão com pais e professores. Quanto saber
usufruir da liberdade regida, só é possível quando o aluno apresentar-se livre
de tudo que o aprisiona no seu interior. No convívio escolar os problemas estão
presentes e se manifestam das mais variadas formas, eliminá-los na sua
totalidade é utópico, por isso é imprescindível a destinação de espaços na
escola, onde professores, diretores, orientadores e psicólogos possam debater e
analisar os problemas e juntos
encontrarem a melhor forma de solucioná-los ou lhe dar com as dificuldades. Bassols,
(2003, p. 17) apropriou-se do termo “operativo” para classificar o grupo de
reflexão que, de preferência, seja coordenado por pessoas habilitadas como
psicólogo, psicanalista, psiquiatra, assistente social, neuropsicólogos, dentre
outros, onde a participação em grupos de reflexão os capacitaria para coordenar
outros grupos dentro da escola, e, acima de tudo, estar preparados para identificar
o que é normal e o que é patológico dentro do processo de aquisição de
conhecimento e interações globais do estabelecimento de ensino. Então, o foco de um grupo de reflexão é fazer
as pessoas serem melhor, verdadeiras, descobrirem-se como seres de amor,
capazes de superar as adversidades e entender que a aprendizagem acontece todos
os dias.
3.5 A Educação e a
Neuropsicologia
Essa nova e pouco falada especialidade
agrupa a neurologia e a psicologia. A Neuropsicologia possui uma gama de
aplicações na atualidade e, segundo Fuentes
(2008, p 15), nada mais é que uma ciência interessada em situar “as relações existentes
entre o funcionamento do sistema nervoso central (SNC), por um lado, e as
funções cognitivas e o comportamento, por outro, tanto nas condições normais
quanto nas patológicas” e pessoas que apresentem alguma afecção do sistema
nervoso. Ainda segundo Fuentes, esse profissional deve ter conhecimento de
diversas áreas. O neuropsicólogo age, principalmente, na avaliação e tratamento
das consequências das disfunções do sistema nervoso. Ela tem caráter
multiprofissional, pois o neuropsicólogo precisa deter também conhecimentos de
ciências como a pediatria, neurologia, psicologia para atuar com eficiência.
Fuentes, ( 2008, p. 418) afirma que o desenvolvimento de uma criança e seu
desempenho escolar não pode ficar fora dos conhecimentos e atuação da
Neuropsicologia. A educação envolve processos neurais,
À medida que
ocorre a maturação e a especialização das redes neurais ao longo do
desenvolvimento infantil e a participação das diferentes áreas cerebrais na
aprendizagem, o material aprendido (por exemplo, a alfabetização) influencia a
organização funcional cerebral. O professor não pode ficar à margem desse
momento particular, pois ele é o elemento mais capaz de transferir informações
científicas para a aplicabilidade pedagógica. (FUENTES, 2008, P. 418)
Essa ciência está tanto para crianças
normais quanto crianças que apresentam problemas de aprendizagem, o justifica
ainda mais a necessidade do professor fazer parte de uma equipe
multidisciplinar de atendimento, tendo assessoria, cursos de formação
continuada ou especializações que levem adquirir o conhecimento dos mecanismos
cerebrais envolvidos na aprendizagem. Também conforme Fuentes (2008, p. 418), novas
maneiras de ensinar, considerando “as características próprias de cada aluno e
que promovam a interligação entre as diferentes disciplinas, incentivam a
criatividade e fornecem à criança a noção de um ser social”.
3.6 Transtornos de Ajustamento
Os transtornos de ajustamento
apreende muito a atenção dos professores, pois eles estão cada vez mais
frequentes em sala de aula. Segundo ASSUNÇÃO (2003, p. 168), o que torna
difícil entender os transtornos de comportamento é fato deles se manifestarem
servindo de camuflagem para uma ansiedade ou tensão. Segundo esta autora, os
transtornos de ajustamento, são manobras para lhe dar com estressores e “são chamados
de mecanismo de defesa”, os alunos se valem deles para se refugiar da
ansiedade. Já BASSOLS (2003, p. 19) aponta a definição do Manual Diagnóstico e
Estatístico de transtornos Mentais (DSM-IV) “como sintomas emocionais ou comportamentos
em resposta a estressor (es), ocorrendo após três meses após o início
desses(s).” Indícios de sofrimento se revelam no convívio social e acadêmico
dos alunos. Sendo eles ainda vulneráveis, e cada um com suas particularidades,
o estudo de cada caso merece atenção diferenciada e entendimento dos fatores
intrínsecos e extrínsecos que contribuem para a criança ter transtorno de
ajustamento. Assunção (2003, p. 168), ressalta que atitudes de alguns
professores para lidar com alunos com transtornos podem ajudar a criança
refletir e melhorar ou agravar o problema, sendo a única solução um tratamento
direto. A maneira com o aluno se percebe e como se situa dentro do grupo são
fortes concorrentes para a criança apresentar transtornos de ajustamento. Então
a informação é o aliado eficaz do professor.
3.7 Transtornos de Ansiedade
Este transtorno é normal a todos os
indivíduos, conforme a situação vai fazer com ele sinta medo ou expectativa. A
ansiedade faz parte da vida de todos e os prepara para enfrentar desafios.
Quando exagerada pode ser patológica, se for de longa duração, é fora do
normal. Identificar as possíveis causas que desencadeia esses quadros é de suma
importância, pois a criança pode apresentar quadros de reações psicossomáticas
como: dores de cabeça, vômitos, dores abdominais. Bassols, (2003, p. 20),
afirma que meninas estão mais susceptíveis em meninas do que em meninos com
idade média de 7,5 anos. Segundo ela alguns transtornos de ansiedade de
infância podem permanecer na vida adulta e também podem ocorrer as comorbidades
que consistem na existência de mais de um transtorno em uma única criança.
Sendo o professor o agente que vai promover além da aprendizagem,
características morais, sociais e emocionais do aluno, é exatamente ele que tem
um convívio diário com o estudante em virtude de isso detectar problemas
emocionais em uma criança e tomar as providencias apropriadas para ajudá-lo.
3.8 Transtorno de Déficit de Atenção e
Hiperatividade
O Transtorno de Déficit de
Atenção/Hiperatividade (TDAH) é um dos mais frequentes transtornos neuropsiquiátricos
muito comuns na infância conforme relata FUENTES, (2008, p. 240), no livro “Neuropsicologia
Teoria e Prática”. Ainda segundo Fuentes, pessoas com TDAH apresentam um
prejuízo sutil, diário e persistente, com grande impacto na qualidade de vida
da própria pessoa e de toda sua família. Os sintomas mais evidentes do TDAH são
desatenção, hiperatividade crônica, atividade motora excessiva e impulsividade.
Este transtorno é prevalecente nos meninos, mais que nas meninas, persiste após
a adolescência em até 70% dos casos e de 2,9 a 4,4% em adultos sem distinção de
gênero. “Casos de comorbidades são frequentes em TDAH. Tiques, distúrbios de
fala, atraso na aquisição da linguagem, transtorno de leitura e/ou escrita e distúrbios
de competência cognitiva podem ocorrer como relata Fuentes” (2008, p. 242). O
diagnóstico desse transtorno neuropsiquiátrico, é essencialmente clínico e com
maior número de informações possíveis dos pais e professores. Este último por estarem
mais atentos aos sintomas das crianças que os pais, podem fornecer dados mais
substanciais para o neurologista ou o psiquiatra. Por isso, segundo afirma
Fuentes (2008, p. 245), “o uso de questionários para obtenção de informações na
escola deverem ser incentivado não só no momento do diagnóstico, mas também
durante o acompanhamento da criança”. Bassols (2003, p. 25) recomenda aos
profissionais envolvidos com a aprendizagem que atrás de certas dificuldades
acadêmicas e problemas de comportamento em sala de aula ou recreio, pode
existir um transtorno como TDAH e uma avaliação deve ser feita assim que
percebe tais manifestações para que o tratamento seja iniciado o quanto antes.
Ela sugere que o aluno fique longe de locais onde a desatenção seja estimulada,
ficar mais próximo da professora e distante de colegas agitados, sempre
dirigir-se ao aluno, primar por tarefas que prendam a sua atenção e de
preferência de curta duração. Os limites devem ser garantidos. Muito importante
para se obter bons resultados é manter uma parceria sólida entre a escola,
pais, aluno e médico. Pais e professores em momento algum devem jogar a culpa
do fracasso escolar um no outro, tão pouco reforçar os insucessos do aluno,
tendo o cuidado de discuti-los sem a presença da criança que já sofre por ouvir
reclamações constantes ou ver os elogios tecidos aos colegas e a ele não.
Bassols chama a atenção para a importância do reforço positivo, através de
elogios e gratificações pelas melhoras apresentadas.
3.9 Doenças Crônicas, Psiquê e Mente
Corpo e mente forma o indivíduo. No
nosso caso o aluno. Assim sendo, fatores
psicológicos podem interferir na saúde da criança, afetando tanto sua vida
social quanto sua vida escolar. As enfermidades crônicas são consideradas as
mais vexantes por deixar marcas tanto emocionais quanto orgânicas. Estas, por
exigir que as interações do aluno afetado sejam diferentes dos demais,
representam um prejuízo a nível social e cognitivo. Para Bassols (2003, p. 39),
é fundamental que os professores reconheçam a unidade do corpo e da mente, para
trabalharem em favor da melhora ou cura do aluno através da transformação do
ambiente e gerar equilíbrio emocional à criança.
3.10 Depressão
A depressão é uma doença afetiva que
pode se manifestar de diferentes maneiras, dependendo de vários fatores, como
idade, personalidade, ambiente, interações sociais e culturais, dentre outros.
Reconhecer se aluno está com problemas afetivos, segundo Bassols, p. 41, requer
do professor conhecimento dos sintomas que podem ser indicativos de uma doença
afetiva. A autora relaciona piora no rendimento escolar, humor deprimido,
diminuição da capacidade de atenção e fadiga, alterações do sono e apetite,
baixa-estima e culpa, queixas somáticas. Estas e outras manifestações como
distúrbio de comportamento, inapetência, autodestrutividade não devem passar
despercebidos em sala de aula e extraclasse. O atendimento célere desses alunos
é importante, pois muitas vezes o tratamento é prolongado. Segundo Bassols (2003,
p. 44), o aluno depressivo, ás vezes não apresenta comportamento desordeiro,
por esse motivo, não chama atenção do professor, embora suas médias sejam
baixas. Ela afirma que a identificação precoce possa resultar numa melhora
prognóstica e quando houver suspeita de problemas afetivos, uma avaliação
psiquiátrica ou psicológica deve ser feita o quanto antes. A escola é uma
extensão social da vida do aluno, assim, para que haja um desenvolvimento
profícuo esse ambiente deve ser acolhedor, fazendo o aluno se sentir seguro
para a melhora do aluno ser concretizada.
3.11 Transtornos de Conduta
O transtorno de conduta, segundo
Bassols ( 2003, p. 55), “é um dos quadros que mais exigem das escolas e dos
familiares, dentro da saúde mental”, porque aluno com esse transtorno apresenta
comportamento que exige dos envolvidos com sua formação muita atenção, porque
suas atitudes agressivas, necessidade de ser o foco das atenções, falta de
limites, dificuldade de aceitar autoridade, violação do direito alheio e regras
exigem estágio de vigilância sobre ele. Um encaminhamento urgente para o
especialista é muito importante para intervenções terapêuticas. A troca entre
os profissionais envolvidos, família e escola, para evitar atuações que
reforcem a própria patologia, favorece o êxito das intervenções, reforça a
autora.
3.12 Sexualidade
A criança é curiosa por
naturalidade, quer saber a respeito de tudo em sua volta e de si mesma.
Aprender sua sexualidade é apenas mais uma de suas necessidades. Nem todos os
adultos estão preparados para abordagem desse assunto e preferem protelar explicações
a sanar uma dúvida da criança que contribuiria para composição da estrutura da
personalidade na infância. Segundo ASSUNÇÃO (2003, p.185), “quando na idade
escolar (7 anos 8), a criança já deverá ter encontrado respostas adequadas e
temporárias a respeito de seu corpo e da origem dos bebês; ou então sua
curiosidade foi recalcada” do contrário, a criança vê o que é relacionado à
sexualidade como proibido. Se a educação sexual não acontecer devidamente, o
equilíbrio emocional fica comprometido, além de fazer com que a criança insista
no assunto levando-a a problemas no futuro, poderão chegar a se tornar uma
patologia, segundo ASSUNÇÃO ( 2003, p. 185). Ela propõe uma transversalidade do
tema nas demais áreas do conhecimento para proporcionar ao aluno uma
interpretação geral do sentido do sexo na sua vida. Conforme Assunção (2003, p. 186), a masturbação
em crianças de até 4 ou 5 anos é normal, mas algumas medidas devem ser tomadas para evitar a frequência do ato: atividades
manuais mais, evitar isolamento, não forçar a criança ir para cama sem que ela
queira, evitar companhia de crianças mais velhas, são procedimentos simples mas
que ajudam a criança desviar o foco. Assunção (2003, p. 187), alerta o
professor a observar “se há diferença em termos de aprendizagem e comportamento
em relação aos outros alunos e mediante constatação da diferença, comunicação e
esclarecimento imediatos devem ser dados aos pais, bem como orientação para
procurarem um médico ou um psicólogo.”
4.0 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Saúde mental na educação infantil é um tema que demanda muito espaço para
tratar de um assunto que está diretamente ligado à cognição, processos mentais
relacionados a: conhecimento, aprendizado, percepção, juízo, lembrança e
pensamento. No entanto, explicitamos
alguns casos para ajudar compreender a
necessidade da escola ser uma entidade articulada com outros grupos cujos
conhecimentos se atualizam numa dinâmica
incrível, constituindo-se importantes fontes de informações para todos que
trabalham com a formação da criança. Os paradigmas das ciências modernas e os
recursos estão postos para uma sociedade que está aberta a utilizá-los,
possibilitando a todos uma inclusão verdadeira. Quando a escola extrapola sua
visão de educação além dos seus muros e incorpora no seu grupo a consciência
que conhecimentos como psiquiatria, neuropsicologia, psicologia e ouros estão
para efetivar um processo formativo do ser humano, auxiliando-o a
desenvolver com compreensão do mundo e coordenar suas ações neste, ela verdadeiramente
zela pela qualidade da educação. Quanto as dificuldades de aprendizagens, todos
de alguma forma vão enfrentar algum dia em sala de aula. A questão é como fazer
a diferença. No ensino fundamental, um grupo basicamente formado de crianças de
5 a 10 anos, qualquer alteração deve ser considerada para que haja eficiência
nas intervenções aplicadas ao aluno e evitar danos a suas potencialidades e
necessidades.
BIBLIOGRAFIA
BASSOLS, A. M; CRISTÓVÃO, P.W; SANTIS,
M; FORTES, S; SUKIENNIK, P.B. Saúde Mental na Escola; uma abordagem
multidisciplinar. 1ª Ed. Porto Alegre: Editora Mediação, 2003.
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Artmed, 2008.
ASSUNÇÃO, da Elizabete José. Problemas de aprendizagem. 12ª Ed. São
Paulo: Editora Ática, 2003.
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DOCKRELL, Julie. Crianças com dificuldades de Aprendizagem;
uma abordagem cognitiva. 1ª Ed. Porto Alegre: Editora Artimed, 2000.
GARDNER, Howard. Estruturas da Mente; a teoria das Inteligências Múltiplas. 1ª Ed.
Porto Alegre: Editora Artimed, 1994.
LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Metodologia do trabalho científico;
procedimentos básicos, pesquisa bibliográfica, projeto e relatório, publicações
e trabalhos científicos. 2ª Ed. São Paulo: atlas, 1987.
quinta-feira, 23 de janeiro de 2014
AS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS E SEUS ESTÍMULOS EM SALA DE AULA
AS
INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS E SEUS ESTÍMULOS EM SALA DE AULA
UILZA,
constancio1
AYRES
DA SILVA, Jayme2[1]
RESUMO
Em seus estudos
Gardner aponta para um ser humano com relações sociais e todas as atividades
que ele desenvolve nesse meio e a influência da cultura sobre as ações humanas.
Atente para a definição que ele dá para inteligência: “Uma inteligência é a
capacidade de resolver problemas ou criar produtos que sejam valorizados dentro
de um ou mais critérios culturais.” Assim, segundo ele, o meio cultural
contribui para o desenvolvimento da inteligência. Estudos apontam para uma grande preocupação
com a inteligência em sala de aula com foco exclusivo nas áreas já
estabelecidas na grade curricular. Porém Gardner descreve considerações sobre
desenvolvimento das inteligências e como motivá-las em sala de aula. Preocupado
em atender as áreas das inteligências múltiplas, Celso Antunes propõe a
utilização de jogos tanto de natureza material quanto verbal para estimular as
inteligências múltiplas de maneira interdisciplinar sem desprezar os princípios
dos parâmetros curriculares nacionais. Haetinger (1998), em seu livro
Criatividade Criando Arte e Comportamento, (p. 9) diz que o professor como
facilitador do processo ensino aprendizagem deve ter uma postura e
relacionamento de confiança entre os envolvidos em um trabalho que visa o
desenvolvimento de habilidades. Haertinger, afirma também que a criar é tirar
dessa experiência novas respostas, outros caminhos para ação e a seguir. Por
tanto, o bom trato do desenvolvimento das inteligências múltiplas depende do
professor uma vez que é ele quem trabalha as competências nos alunos.
PALAVRAS-CHAVE: Inteligência, estímulos, habilidades,
múltiplas, competência.
ABSTRACT
In their study Gardner suggests a human being with social relationships
and all activities that it develops in this environment and the influence of
culture on human actions. Note the definition he gives to intelligence:
"An intelligence is the ability to solve problems or create products that
are valued within one or more cultural criteria. According to Gardner the
culture medium contributes to the development of intelligence. Studies show a
great concern with the intelligence in the classroom with exclusive focus on
areas already established in grid curriculum. But Gardner describes
considerations for development of the intelligence and how to motivate them in
the classroom. Anxious to meet the areas of multiple intelligences, Celso
Antunes proposes the use of games both substantial and verbal to stimulate
multiple intelligences in an interdisciplinary manner without neglecting the
principles of national curriculum guidelines. Haetinger(1998), in his book
Creating Art and Creativity Behavior, (p. 19) says the teacher as facilitator
of the learning process should have an attitude and relationship of trust
between those involved in work that aims to develop skills. Haertinger, also
states that the build out of this experience is new answers, and other avenues
of action to follow. Therefore, the good treatment of the development of
multiple intelligences depends on the teacher as it is he who works skills in
students.
KEY-WORDS: Intelligence, incentives, skills, multiple, competence.
1.0
INTRODUÇÃO
Este estudo tem como
ponto de partida a necessidade de chamar a atenção para a concepção de
inteligência concebida pela escola historicamente e expandir a visão uma
educação baseada no novo paradigma das tendências intelectuais que enfatiza as
inúmeras capacidades humanas passando desde a inteligência musical até o próprio
conhecimento interior.
Uma aprendizagem, segundo a teoria das
inteligências múltiplas, exige que as escolas renovem suas filosofias seculares
e seu ponto de vista sobre a inteligência e medite sobre a particularidade de
cada indivíduo e seu intelecto, colocando a educação centrada no indivíduo cujo
plano superior seja necessidade do pensamento crítico e criativo bem como o
entendimento.
Em 1993, Howard Gardner apresenta sua
teoria das inteligências múltiplas. Esta constitui um desafio às teorias clássicas
da inteligência que era medida por testes que visavam definir a capacidade
intelectual da pessoa, porém pouco abrangentes e que não avaliavam
adequadamente a sucessão de habilidades humanas que merecem investigação. Em seus
estudos concluiu então que avaliar a mente humana vai muito mais além de um
resultado de teste que visa verificar as habilidades para justificar o
desempenho escolar. Segundo ele, o indivíduo, é permeado pela sua cultura e
desenvolve-se influenciado por ela muito mais que sua própria autoridade
intelectual. Fundamentalmente, este estudo visa chamar a atenção para a
diversidade que existe em uma sala de aula com as mais diferentes capacidades
que vão além das expressas em uma grade curricular.
2.0 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Este
artigo tem como embasamento uma consideração séria e ampla através de pesquisas
bibliográficas à literatura do criador da teoria das inteligências múltiplas
Howard Gardner e Celso Antunes importante estudioso da inteligência no Brasil e
outras literaturas que tratam do assunto exposto neste estudo. Segundo Lakatos e Marconi (1987, p. 66), “a
pesquisa bibliográfica trata-se do levantamento, seleção e documentação de toda
bibliografia já publicada sobre o assunto que está sendo pesquisado",
estudo em livros, revistas, jornal, monografias, teses, dissertações, busca na
internet serão o suporte imprescindível para que esta pesquisa seja munida de
elementos para apresentar a argumentação fornecida através do contato direto
com todo material já escrito sobre o tema a discorrer. Por isso, e para uma
melhor compreensão das obras escolhidas para fundamentar este estudo
favorecendo uma melhor abordagem temática sobre as inteligências múltiplas, bem
como suas aplicações e implicações em sala de aula, a leitura e análise
de obras dos autores que desenvolvem estudos sobre as ações a serem
desenvolvidas para estimular as inteligências múltiplas.
3.0 DESENVOLVIMENTO
DA PESQUISA
3.1
Inteligências múltiplas
Inteligência,
faculdade de aprender, intelecto. Esta é a definição dada por Aurélio (2009). A
etimologia deste vocábulo é de origem latina e formado pela união de duas
palavras: inter = entre e eligere = escolher. Porém esta visão é
demasiadamente limitada diante da dimensão que Gardner deu a ela em seus
estudos definindo-a como capacidade mental de natureza própria, capaz de
realização e implica em mais de um sistema sensorial prontos para processamento
de informações, onde os desempenhos intelectuais capacitam o indivíduo para
resolver problemas. Ela não se desenvolve isoladamente, pois os seres humanos
vivem em sociedade, então as relações e experiências no conjunto estão
intrínsecos no desenvolvimento de uma inteligência. É proeminente que os
profissionais da educação saibam “a identificação da história desenvolvimental
da inteligência e a análise de sua susceptibilidade à modificação e
treinamento”. Gardner (1994 pag.49). Ou seja, é justamente ela que apontará a
melhor forma de proceder para se chegar à solução que seja válida de uma
cultura.
Segundo Gardner, Kornhaber e Wake (1998 pag. 61) em 1900 o
psicólogo francês Alfred Binet, explorador da compreensão, julgamento,
raciocínio e invenção investiga estas habilidades em crianças das séries
iniciais. Destes estudos resultou o primeiro teste de inteligência. A finalidade
deste teste era investigar habilidades em crianças retardadas e crianças
normais com níveis graduados de dificuldades para crianças de idades
cronológicas diferentes. Conhecimento
prático e cotidiano constituíam a questões do teste. Descobriu então, a
individualidade infantil. A partir desta constatação, Binet passa a defender a
necessidade de diferentes testes para investigar as várias capacidades que são
peculiares em cada criança.
Aproximadamente em 1913, as investigações
psicológicas de Binet foram afrontadas por Watson que alegava a subjetividade
dos relatos introspeccionistas. Na década de vinte a quarenta, psicologia
experimental, ganha força centrando suas investigações em como os
comportamentos são prendidos ou adquiridos. Através do biombo estímulo/resposta
os estudiosos concluem que as respostas especificas eram reações a eventos do
meio ambiente. Os comportamentalistas enfatizam o meio como determinante para
desenvolvimento das capacidades humanas. “A teoria comportamentalista teve
impacto sobre as ideias acerca da inteligência e da educação”. (Howard Gardner,
Mindy L. Kornhaber-Warren K. Wake pag. 66, 1996). Na busca sobre as leis que
regem a aprendizagem e a inteligência, os comportamentalistas
tem como opositores os eugenicistas defendendo a
biologia como regente da inteligência Humana. Várias tentativas de explicar
examinar a inteligência aconteceram ao longo do tempo. Gardner, p. 66, 1996
cita Descartes, filósofo racionalista que afirmava que os seres humanos possuíam conhecimento inato, Lucke, um
empirista defensor do conhecimento adquirido através de experiências sensoriais
do mundo e a capacidade de refletir sobre as próprias operações mentais. Os
cientistas do século XIX, com a descoberta das relações entre os sentidos e o
sistema nervoso, entre o cérebro e as habilidades humanas.
Howard Gardner propôs inicialmente sete inteligências. Em estudos
posteriores admitiu a existência de um número maior ou até mesmo menor de
inteligências. Defende inteligências relativamente autônomas para explicar os
diversos papéis assumidos pelos seres humanos no seu meio, como professor,
psicólogo, fazendeiro, economista, artista.
Evidências para dar suporte à teoria da IM de Gardner foram buscadas
diversos estudos feitos por ele. Em pessoas que sofreram lesão cerebral por
derrame ou trauma. Nos quais encontra evidências de inteligências. Mesmo tendo uma
área do cérebro afetada, prejudicando a fala, esta mesma pessoa apresenta
outras capacidades preservadas, ajuda Gardner sustentar a noção de
inteligências separadas. Ao estudar populações especiais como os prodígios e os
savants, onde o primeiro apresenta admiráveis realizações em matemática, xadrez
e outras disciplinas cedo demais e o segundo apresenta QI baixo, evidenciaram
para Gardner que as inteligências são capacidades separáveis. Ao utilizar a
psicologia experimental e a psicologia cognitiva para apoiar a sua teoria
descobriu que certas capacidades atuam de forma autônoma e outras não. Mesmo
tendo criticado a avaliação psicométrica Gardner afirma “que os padrões de
correlação, ou a ausência de correlações elevadas, ajudam a indicar a relativa
autonomia de algumas inteligências”. (Howard Gardner, Mindy L. Kornhaber-Warren
K. Wake pag 216, 1996). A trajetória
desenvolvimental característica é
outra fonte de evidência para sua teoria. Também se valeu da biologia evolutiva
na qual buscava as origens das inteligências humanas nas inteligências dos seus predecessores. Apoiou-se também nos
sistemas simbólicos por considerar estes os meios que por possuírem
características distintas podem ser, aprendido, assimilado ou armazenado pela
mente humana.
O uso de símbolos
foi a chave na evolução da natureza humana, dando surgimento ao mito, à
linguagem, à arte, `a ciência; ele foi também central nas mais elevadas
conquistas criativas dos seres humanos, todas as quais exploram a faculdade
simbólica humana. (GARDNER, 2009, p. 20).
Após criterioso estudo destas evidências, e Gardner
chegar à conclusão de que a inteligência é um potencial que permite ao
indivíduo desencadear o pensamento necessário para tipos específicos de
conteúdo, ele passa a defender sete inteligências: inteligência linguística, inteligência
musical, inteligência lógico-matemática, inteligência espacial, inteligência
corporal-cinestésica, inteligência intrapessoal e inteligência interpessoal.
3.2 Síntese das inteligências múltiplas
3.2.1 Inteligência
linguística
A
linguagem parece depender do lóbulo temporal esquerdo intacto. Avarias a esta
área neural ou anomalias que afetam seu desenvolvimento podem ocasionar
problemas de linguagem. Defende Gardner. No entanto, segundo ele, uma criança
que nos seus primeiros anos de vida teve parte do cérebro retirado ela
desenvolverá a capacidade de falar por ser esta de suma importância e muito
necessária na comunicação, a linguagem se desenvolverá no lado direito que a
partir de então passa a utilizar estratégias linguísticas de forma diferenciada
das demais pessoas normais. Um exemplo notório da inteligência linguística são
os poetas. Através deles Gardner percebeu que para construir os versos ou
estrofes implicaria o funcionamento de alguns aspectos centrais da inteligência
linguística, para ter tanta habilidade e sensibilidade quanto ao significado
das palavras a ponto de mexer com as emoções tanto de quem compõe quanto do
leitor. Esta é a competência intelectual que os seres humanos mais
compartilham. Gardner, autor da teoria das inteligências múltiplas ressalta
ainda quatro aspectos do conhecimento linguístico que é de grande relevância para
na sociedade humana:
-
Aspecto retórico da linguagem: habilidade para usar a linguagem para convencer
as pessoas, influenciando nas suas atitudes. Lideres políticos e especialistas
em direito são os melhores exemplos desta capacidade porque neles ela se
desenvolveu num grau elevadíssimo.
-
Aspecto mnemônico da linguagem: presente em pessoas capazes de lembrar
informações como listas, regras, procedimentos e instruções.
-
Seu papel na explicação: fundamental no processo ensino aprendizagem, pois na
forma verbal ou escrita é um veículo ideal para transmissão de conceitos.
- Metalinguística:
constitui na capacidade de usar a própria linguagem para raciocinar sobre a
linguagem.
A inteligência linguística, que é a capacidade
para a fala e própria de todas as culturas e se desenvolve muito rápido entre
pessoas normais é exemplificada por poetas, advogados, jornalistas,
publicitários.
Fundamentado nos estudos de grupos de
cientistas do Centro do Aprendizado e da Atenção, juntamente à análise feita
nos estudos da Doutora Sally Shaywitz, Celso Antunes (2010, p. 44), escreveu
que “as crianças necessitam entender os sons da língua e as relações entre
estes e as letras que simbolizam a fonética para aprender ler.” Sendo assim, os
alfabetizadores devem fazer uso da fonética para que o domínio da inteligência
linguística seja eficaz como instrumento indispensável ao homem moderno.
Segundo
Celso Antunes (2010, p. 46) a postura do regente é ser constante incentivador
da oralidade e interlocução. Fazer da sala de aula um espaço estimulador com
possibilidades de expressões verbais para se conhecer os intentos do outro e
desenvolver a habilidades para ouvir e falar. Expressar opiniões, inventar e
ter ouvintes que estimulem a exteriorização das suas intenções proporcionam à
criança o desenvolvimento da inteligência linguística. Antunes ainda reforça a
necessidade de propor atividades escritas como diário e uso de dicionário. Ele
ressalta que a partir dos sete anos, os jogos operatórios como jogo de palavras
são importantes estimuladores da inteligência linguística, da mesma forma que a
leitura e a reescrita de história, sejam elas da própria vivência da criança ou
não, reais ou imaginárias.
3.2.2 Inteligência
musical
Apenas fazendo um empréstimo do senso comum para abordar esta
temática estudada por Gardner, esta habilidade é própria das pessoas que “tem a
musica à flor da pele”. A inteligência musical permite às pessoas criar,
comunicar e compreender toda a expressão que os sons comportam. Crianças com
notória habilidade musical precoce surpreendem pela facilidade para tocar um
instrumento, memorizar e cantar dentro do tom de uma música. Um ambiente onde a
família é envolvida pela musica estimula o desenvolvimento desta habilidade.
Logo o trabalho com sons, ritmos, variações harmônicas, melodias se seguirá com
naturalidade. A maioria das capacidades
musicais, inclusive a capacidade central da sensibilidade ao tom, está
localizada, na maioria dos indivíduos normais, no hemisfério conforme explica
Gardner (2009). No entanto é importante revelar um fator que Gardner definiu
como complicante, que ao propor tarefas desafiadoras para pessoas bem treinadas
as implicações no hemisfério esquerdo são crescentes enquanto no hemisfério
direito são decrescente. Esta inteligência revela-se em instrumentalistas, os maestros,
compositores, peritos em acústica e engenheiros de áudio.
Perceber a alfabetização musical como uma das
habilidades que a escola precisa estimular na criança para que o encantamento
da linguagem sonora lhe seja significativa. Celso Antunes cita que os jogos
para o estimulo à inteligência musical diferenciados em três linhas:
A primeira voltada a “ensinar a criança a ouvir”
(jogos estimuladores da inteligência auditiva); outra “explorando de maneira mais
fina sua sensibilidade para diferenças entre timbres e ruídos” (jogos
estimuladores da discriminação entre timbres e sons); e a terceira para a
compreensão de sons e para a compreensão dos sons e para o progressivo domínio da
estrutura rítmica. (ANTUNES, p. 135. 2010).
Momentos no pátio para ouvir os diversos sons do
ambiente, jogos operatórios e lúdicos do tipo Apito Oculto, excursões
especificas para coletas de sons, programa de alfabetização sonora, emprego de
gincanas sonoras, jogos musicais são sugeridos pelo pesquisador Celso Antunes
como importantes estratégias para a estimulação da inteligência musical.
3.2.3 Inteligência
lógico-matemática
Conforme sustenta Gardner, esta inteligência implica na
sensibilidade para usar e avaliar relações abstratas, padrões, ordem e
sistematização. Constitui a habilidade de pessoas capazes de tratar com a
abstração, rigor e ceticismo, criar padrões, capacidade de manejar com
propriedade cadeias de raciocínios, de distinguir problemas significativos e
resolvê-los. Gardner explica que o cientista precisa da matemática. Porém matemática
e ciências são bem distintas. Enquanto uma está interessada na exploração de
sistemas abstratos, a outra, no caso a ciência, deseja explicar a realidade. A
criança com aptidão para a inteligência lógico-matemática apresenta facilidade
para contar e fazer caçulos matemáticos, criar notações praticas de seu
raciocínio. Esta inteligência se desenvolve no lado esquerdo, mas o hemisfério
direito que afetam a linguagem pode influenciar nas operações matemáticas do hemisfério
direito.
A capacidade de ler e produzir os sinais da matemática é mais
frequentemente uma função do hemisfério esquerdo enquanto o entendimento das de
relações numéricas e conceitos parece acarretar o envolvimento do Hemisfério
direito. Dificuldades elementares na linguagem podem prejudicar o entendimento
de termos numéricos. ( GARDNER, 2009, p.1 ).
Apresentam
esta inteligência matemático, programadores de computador, analistas
financeiros, contadores, engenheiros e cientistas.
O
estímulo dessa inteligência será efetivo se os professores souberem
“matematizar”, ou seja, levar o aluno a perceber que a matemática faz parte da
vida das pessoas, (ANTUNES, 2010). Desenvolver na criança a ideia de conjunto,
grandezas, espaço, tempo, instrumentos de medidas, classificação, seriação, relacionamento
são requisitos importantes para o desenvolvimento da inteligência
lógico-matemática que implica nas habilidades de conceituação, sistema de
numeração, operações e conjuntos, instrumentos de medida, pensamento lógico. Celso
Antunes observa que os alunos mediados por estratégias e jogos que visam o
desenvolvimento mental voltado para capacidade do conhecimento matemático terão
a oportunidade de ordenar, separar, comparar, identificar conceitos, agrupar,
selecionar, sequenciar, calcular, associar. Desta forma, os alunos apropriarão
de instrumentos que a escola utilizou e que ampliou sistematicamente a
capacidade de manipular todos os símbolos matemáticos na resolução de
problemas.
3.2.4 Inteligência espacial
Descrita
como a capacidade de perceber informações visuais ou visuais de maneira
precisa, “efetuar transformações e modificações sobre as percepções iniciais e
ser capaz de recriar aspectos da experiência visual, mesmo na ausência de
estímulos importantes”. (GARDNER, p. 135, 2009). As áreas cerebrais envolvidas na inteligência
espacial segundo o citado estudioso é o hemisfério direito do cérebro, sendo as
porções posteriores do hemisfério
direito o ponto mais determinante no
processamento espacial. Os estudos de Gardner com savants e prodígios
comprovam que esta inteligência e independente. Pode-se comprovar esta
sensibilidade à forma, ao espaço e à cor em pessoas como Picasso e Van Gogh.
3.2.5 Inteligência corporal-sinetésica
Esta inteligência abrange o corpo ou partes do corpo e
proporciona à pessoa a habilidade de manipular objetos, desenvolver e
aperfeiçoar as habilidades físicas permitindo o controle sobre as atividades
motoras amplas e finas. A atividade motora é predominante no hemisfério
esquerdo do cérebro. Áreas do córtex cerebral, o tálamo, os gânglios basais e o
cerebelo trabalham articulados fornecendo informações à medula espinhal e esta fará
a ponte até que ação desejada seja efetiva. “Os gânglios basais e o cerebelo
que contém as formas mais abstratas e complexas de representação de movimentos;
o córtex motor está diretamente ligado à medula espinhal e à execução física de
movimentos musculares específicos”. GARDNER (2009, p. 164). Bailarinos,
cirurgiões, artesãos, dançarinos, alpinistas, malabaristas, ginastas e outros
são exemplos de pessoas que patenteiam a inteligência corporal-cinestésica.
Conforme
Celso Antunes (2010) relatou o estímulo à inteligência cinestésica corporal vai
muito mais além do que os jogos corporativos ou a prática da educação física
adotada nas escolas ou mesmo atividades pedagógicas que estimulam a
sensibilidade dos cinco órgãos dos sentidos e até mesmo a leitura em braile.
Segundo ele, atividades ligadas à habilidades manuais, consertos elétricos
domésticos, mímicas, desenvolvem esta inteligência com mais eficiência que
aquelas que obrigam o aluno a permanecerem horas estáticos. A necessidade de se
aplicar jogos que estimulem o desenvolvimento da inteligência corporal
cinestésica conforme afirma Celso Antunes.
As linhas de estimulação em que se buscou classificar os
jogos para a inteligência cinestésico-corporal são a motricidade, associada à
coordenação manual e à atenção, a coordenação visomotora e tátil, a percepção
de formas e percepção tridimensional ou estereognóstica, a percepção de peso e
tamanho e jogos estimuladores do paladar e da audição. (ANTUNES, 2010, p. 153).
3.2.5 Inteligência intrapessoal
Gardner (1993) enfatiza que esta inteligência refere-se à
aptidão de uma pessoa para o conhecimento de si mesma, cujos processos mentais
utilizados admitem a ciência dos próprios sentimentos tornando-a capaz de
organizar a própria vida. A capacidade de discriminações de suas próprias
comiserações, intenções e motivações oferecem ao personagem desta inteligência
autoconhecimento proporcionando excelentes decisões na vida de quem a possui. Recursos
interiores como motivação, altruísmo, identidade com o outro, reputação ilibada
e mais uma soma de virtudes farão com que a pessoa tenha êxito na vida. Logo a
experiência humana condicionada pelo bom relacionamento com o seu mundo
interior e exterior, dentro do contexto social, deve aumentar a consciência
ética, produtiva e criativa tanto no aspecto individual quanto coletivo. Gardner
cita que indícios apontam os lóbulos frontais como as estruturas da maior
importância em várias formas de conhecimento pessoal.
Celso
Antunes (2010, p. 81) reforça que na escola o estímulo à inteligência
intrapessoal não pode ser desvinculado das outras inteligências. Considerar a
individualidade de cada estudante e respeitar o ritmo de desenvolvimento da
inteligência de cada um é um fator fundamental para estimulação desta
habilidade. Segundo ele, a partir do momento que a criança estende suas
relações da casa para a escola o docente deve criar oportunidades para a
sociabilidade entre os membros da classe. Desenvolver esta inteligência implica
em usar estratégias de sensibilização ajudando a criança a perceber e
identificar suas emoções. Levar o estudante a perceber experiência que pode nos
trazer as emoções, falar sobre elas orientá-las no sentido de desenvolver no
aluno a capacidade de identificar-se com o outro. Antunes manifesta a
necessidade de esclarecer os limites e evidenciar meios para que os alunos
consigam resolver seus problemas.
3.2.6 Inteligência interpessoal
Esta
inteligência pessoal, conforme os estudos de Gardner é convergida para fora,
manifestando-se na capacidade de compreender os sentimentos e atitudes dos
outros. Pessoas com esta inteligência altamente desenvolvida são
conseguintemente hábeis para agir em função das intenções e desejos do outro os
fazendo comportar-se de acordo com as suas próprias expectativas. Exemplos
marcantes desta inteligência são os líderes políticos e religiosos, pais
lideres de empresas administradores, professores e indivíduos envolvidos com
altruísmo.
Conforme
Celso Antunes, trabalhar as inteligências emocionais requer muito desvelo e
persistência por ser esta uma atividade em a morosidade dos resultados
prevalecem, mas atenuará implicações negativas. Em sua concepção, a estimulação
a esta inteligência interpessoal não é muito difícil e complementa esclarecendo
a importância do uso de métodos com fundamentos apropriados. Segundo ele:
Esses métodos integram em verdadeira multidisciplinaridade
alguns fundamentos da educação, da psicologia, da neuroliguística e da psicopedagogia,
e devem esclarecer diferenças claras e nítidas entre o seu enfoque
“pedagógico”, a ser empregado com todos os alunos, da educação infantil á
terceira idade, um enfoque “clínico”, voltado para casos específicos e que
necessitam de ajuda psicológica e, algumas vezes, de tratamento neurológico e
psiquiátrico. (ANTUNES, 2010, p. 89).
Admitindo
o alcance da influência da escola no campo emocional, é imprescindível que ela
elabore um projeto de alfabetização emocional voltado também para o treinamento
dos pais para que os mesmos possam ser tornar parceiros na estimulação da
inteligência interpessoal. Vale lembrar as sugestões de Celso Antunes
“sensibilização, oportunidade para que o aluno possa externar suas impressões e
coletivamente, construir uma hierarquia de valores pessoais”.
3.2.7 Inteligência naturalista
A inteligência naturalista foi a última que Gardner incluiu
em seus estudos em 1995. Para ele é qualquer um que aplica esta atividade
intelectual ao perceber objetos e compreender os sistemas naturais e
artificiais, destacando o botânico, o ecologista, o paisagista, o granjeiro, o
fazendeiro e até o exímio caçador, conforme relaciona Maria Esmeralda
Ballestero – Alvarez (2008, p. 13). No
mesmo parágrafo escreve que qualquer um de nós aplica a inteligência
naturalista quando reconhece pessoas, plantas, animais e outros elementos em
nosso entorno.
É
sensato trabalhar com a educação ambiental na mais tenra idade escolar para que
a estimulação a esta inteligência ocorra. Adiar este processo pode-se correr o
risco de não se ter tanto interesse pelo mundo natural. O professor atento sabe
que as crianças tem curiosidade e sensibilidade pela descoberta de tudo que se
relaciona com a natureza. Por tanto, se souber aproveitar este peculiar aspecto
as aulas serão para os estudantes muito fascinantes. Ensinar as crianças a
olhar a natureza apreciando-a como quem aprecia a mais linda joia, buscando
nela o seu valor. Envolver em jogos que acentue de forma muito divertida o
interesse pela natureza. Envolver também a família no projeto de educação da
inteligência naturalista. Não desprezar as atividades extraclasses como visita
a rios próximos à escola, parques sítios, projetos de horta e jardinagem
contribuirão para o potencial voltado à natureza.
4.0 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O objetivo
neste trabalho foi fornecer ao leitor uma oportunidade de refletir o aluno em
primeiro lugar como uma pessoa que desempenha diferentes papéis no decorrer da
vida. A teoria das Inteligências Múltiplas sintetizada neste artigo oferece
argumentos para que o os responsáveis pela formação da criança passe a pensar
na educação além do currículo escolar e incorpore a concepção construtivista em
que o aluno elabora o seu conhecimento a partir das oportunidades criadas em
sala de aula para o desenvolvimento das inteligências múltiplas que bem
trabalhadas exerce seu papel original que oferece ao estudante a oportunidade
de estabelecer autonomia e capacidade para resolver os seus problemas. Admitir
e estimular essas inteligências representa respeitar as peculiaridades de cada
aluno e torná-lo capaz de enfrentar a vida plenamente. As referencias
bibliográficas adotadas para este trabalho não impõem uma nova ordem, mas levar
à reflexão que faça o leitor a identificar o aluno como ser biológico,
psicológico inserido histórica e culturalmente no seu contexto social.
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GARDNER, Howard; KORNHABER, Mindy L.; WAKE, Warren K. Inteligências: Múltiplas Perspectivas. 1ª
Ed. Rio Grande do Sul: 1998
LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Metodologia do trabalho científico:
procedimentos básicos, pesquisa bibliográfica, projeto e relatório, publicações
e trabalhos científicos. 2ª Ed. São Paulo: Atlas, 1987.
[1] Constancio, Uilza
Licenciada em História, Pós graduação em Interdisciplinaridade e
Alfabetização.
2
Docente da UB/UCP e Instituto RHEMA.
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