MATEANDO COM A MAMÃE
Odilon Ramos
Foi hoje, agora a pouco
Eu fiz um mate assim,
Tão bem feitinho, cevado com
Tal jeito e carinho
Que eu me lembrei
Assim de relancina
Do primeiro mate que tomei
Foi minha mãe que fez
E era tão doce,
Doce como ela era e ainda é
Eu era piá, um naquinho de gente
E para ganhar um mate
Eu esperava
Até que ele não fosse mais forte
E nem tão quente
No beiral da porta da cozinha
Que era de chão batido
Varridinha com a vassoura de guanxuma
Eu me sentava e pedia manhoso:
_ mãe! Me dá um mate?
E esperava até que ela achasse
Que já dava para dar um mate
Para o seu guri
Quantas lições de vida eu aprendi
No mate doce que minha mãe fez
Aprendi obediência
Aprendi a ter paciência para espera a minha vez
_ Segura com as duas mãos!
_ Não vá mexer na bomba!
Eram ordens, mas tão brandas
Dadas com tanta ternura!
Da boca da minha mãe eu nunca ouvi nome feio
Nunca uma palavra dura
Que puxa! Quanta saudade
Minha infância, a mocidade
E aquele mate inocente
Que sem ser forte e nem quente
Era tudo que eu queria
Como eu ficava radiante
E me sentia importante
Com aquela cuia de mate
Que minha mãe me estendia
E foram mates de leite
As vezes mate de mel
Com açúcar esfregado
Com canela, que minha mãe fazia
Diferente um do outro cada dia
Minha mãe agora velhinha!
E espera as horas, dias sentadinha
Ou suspirando debruçada na janela
Que este filho, gaudério desgarrado
Um dia desses sente do seu lado
E tire um tempo para matear com ela
Eu sou sim mãezinha, te prometo..
Também ando cansado de matear sozinho
E quando eu bolear a perna no teu rancho
Deixe que eu ceve um mate pra nós
Uma mate doce, que eu vou adoçar pra ti
Com meu carinho.