MENINO TRISTE
(DORA INCONTRI)
Que queres, menino triste?
que me paras no farol?
Que sonho escuro que viste,
Pois teus olhos não têm sol?
Tua madrasta é a rua,
com seu cimento gelado.
E de noite, nem a lua
te dá um olhar de trocado…
Quem te largou neste mundo,
para catares esmola?
Se roubas, és vagabundo…
Mas quem te roubou a escola?
E quem te arrancou da mão
um brinquedo e uma esperança?
Quem te tirou, sem perdão,
o direito a ser criança?
Tua escola é a calçada,
que freqüentas todo em trapos.
Se o dia não rende nada,
logo apanhas uns sopapos.
Menino, no olhar me imploras
muito mais do que um favor.
Querias que tuas horas
fossem preenchidas de amor!
Mas o que vês são os carros!
Passam depressa, sem dó.
Os sorrisos te são raros.
O Brasil te deixa só.
Minha poesia já chora:
os meninos são milhões.
Será que o povo de agora
perdeu os seus corações?
Vá correndo, minha Musa
pedir ao homem tão duro,
que das riquezas abusa,
que reparta seu futuro!
Poderá haver perdão,
dizei-me vós, Senhor Deus,
para a megera nação
que assim trata os filhos seus?
E a Musa conclama alto,
com resquícios de esperança:
Brasil, não jogues no asfalto
A alma de uma criança!
sábado, 22 de outubro de 2011
MENINO TRISTE
terça-feira, 11 de outubro de 2011
Mâe Lavadeira
MÃE LAVADEIRA
.
Mírian Warttusch
Fechei os olhos, ouvindo o som do bate...bate...
E enquanto eu ainda dormia, tão quentinho,
Minha mãe já há horas enfrentava o tanque,
“Será que eu merecia ficar recolhidinho?”
Levantei depressa e resolvi que a minha mãe
Estava muito cansada de tanto trabalhar
E de fininho, fui saindo pelas ruas da favela
E cheguei à cidade resolvido a mendigar...
Estendi minha mãozinha suja de poeira,
Meus pés descalços doíam de tanto caminhar...
Alguns passavam, sem nem pra mim olhar,
Mas outros tiveram pena e na minha mãozinha,
Colocaram, sim, uma pequena moedinha...
Que levei correndo para minha mãe, a lavadeira!
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Mírian Warttusch
Fechei os olhos, ouvindo o som do bate...bate...
E enquanto eu ainda dormia, tão quentinho,
Minha mãe já há horas enfrentava o tanque,
“Será que eu merecia ficar recolhidinho?”
Levantei depressa e resolvi que a minha mãe
Estava muito cansada de tanto trabalhar
E de fininho, fui saindo pelas ruas da favela
E cheguei à cidade resolvido a mendigar...
Estendi minha mãozinha suja de poeira,
Meus pés descalços doíam de tanto caminhar...
Alguns passavam, sem nem pra mim olhar,
Mas outros tiveram pena e na minha mãozinha,
Colocaram, sim, uma pequena moedinha...
Que levei correndo para minha mãe, a lavadeira!
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